terça-feira

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fotografia © Karina Marandjian
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a dor é um fragor que sangra e pede abrigo na concha da palavra. e o amor. e o silêncio.

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“Alguém me disse que certas aves choram / quando lhes falta o mar / por muito tempo” – Casimiro de Brito in Arte de bem Morrer, p.127, Roma Editora




6 comentários:

  1. [a dor também é um caminho... o mais das vezes, solitário, mas caminho!]

    um imenso abraço

    Leonardo B.

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  2. Fazemos tanger os gonzos de bronze intemporal nos templos do silêncio,
    mas a ilusão de retorno não clarifica o sentimento recíproco do afecto.
    Há vozes que se desdobram em línguas de fogo e queimam a garganta
    quando se soltam entre quatro paredes: e morrem de claustrofobia.
    É por isso que ainda penso que somos hirsutos homens das cavernas.
    Ouvimos sons subterrâneos que vagueiam pelas brechas da pedra
    e dizemos convictamente que são os deuses murmurando entre si.
    Conjecturamos o magnificente destino que eles nos querem atribuir,
    quando na verdade deveríamos dedicar-nos a pinturas de caça.
    Somos ocos por dentro, somos feitos de ecos, ecos, ecos…

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  3. certíssimo, Leonardo. E a dor, esse caminho largo, encontra na palavra um lugar para habitar. tal como o amor. pode faltar tudo, mas tendo-se a palavra no seu silêncio fundo e redondo, o caminho continua. é esta apenas uma reflexão.

    outro abraço
    T.

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  4. somos realmente ocos, centopeia. os ecos de todos os dias acordam-nos para essa condição.

    estupendo, pois.
    abraço
    T.

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  5. Só silêncio que inquieta e reconforta. É um mistério como um post consegue estas duas coisas tão distintas.Silêncio.

    LS

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  6. No meio de tanta poesia, passo e só escrevo para mandar um beijinho. Porque mais palavras que eu dissesse, só estragariam a beleza deste site (dada a minha inépcia para as mesmas).

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fotografia © Anke Merzbach

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